segunda-feira, 4 de abril de 2011

“Entendendo o coração das crianças”


“Eis a única via para escutar verdadeiramente seu filho: curar sua própria infância. Para libertarmo-nos do passado, temos também necessidade de soltar nossas emoções. Nossos pais não souberam estar atentos as nossas necessidades emocionais, escutar nossos medos e raivas. As mágoas sofridas deixaram marcas porque não chegamos a chorá-las. Talvez nem tenhamos tido a possibilidade de identificar o que eles estavam fazendo a nós como mágoas ou injustiças, na medida em que nos garantiam que tudo isso era “para nosso bem”. Como não havia nenhuma testemunha, tornou-se difícil restabelecer a verdade. Acabamos soterrando nossas tensões; mas elas ressurgem em face de nossos filhos.
Para conseguirmos cura-las, precisamos olhar a realidade de nossa própria infância: devemos deixar de idealizar nossos pais e ter a ousadia de ver que eles nos fizeram sofrer ou foram injustos conosco; rememorar as diferentes situações e darmo-nos o direito de sentir as emoções às quais, no período da infância, talvez nem tenhamos tido acesso.
Quando você tiver manifestado a raiva contra as injustiças sofridas, quando tiver chorado com compaixão pela criança que existe dentro de você, você poderá escutar seu filho em sua verdade.
A criança desperta em você um sentimento insuportável? Com certeza, existe aí um nó. Você pode enfrentá-lo: observe simplesmente o ressurgimento de sentimentos; escute a criança que existe dentro de você, ofereça-lhe o que nunca chegou a receber, ou seja, atenção a seus sentimentos. Reencontre imagens do menino ou menina que você era e reserve-lhe um espaço em seu coração.
Imagine que você, adulto presentemente, irá reencontrar essa criança que era; imagine um encontro entre o você de ontem e o você de hoje. O adulto senta-se ao lado da criança e fica à sua escuta, faz-lhe carícias; procura compreendê-la e amá-la.”
(Isabelle Filliozat)

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